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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mudar, por dentro e por fora


Tinha uns 16 anos e usava o cabelo muito comprido quando me chateei com o meu pai e resolvi, porque ele adorava o meu cabelo, cortá-lo bem pequeno. Foi um corte à rapaz, como se dizia na altura, que deixou o meu pai em choque por uns tempos. Nunca mais cortei o cabelo tão pequeno, embora tenha sido a altura que tive mais pretendentes (dois). Creio que, por isso mesmo, me deveria ficar relativamente bem. Depois variei entre ponta a cima, ponta a baixo, um pouco pelos ombros e quase perto da cintura, nada de grandes loucuras até hoje à hora de almoço. O problema foi ir a um cabeleireiro gay. As mulheres levam sempre muito a sério os gays porque sabem que são homens que não as querem comer. É simples, fica logo um ambiente descontraído, de mútua confiança e a malta vai e deixa meter a tesoura nas nossas melenas. Eu pelo menos deixei e desde os meus 16 anos que não tinha o cabelo tão curto. E é uma sensação estranha, porque não me lembro de ver esta pessoa ao espelho. Tenho de me namorar. Tenho, agora, de me olhar muito para me rever quando me vejo. O cabelo assume uma grande importância no rosto e até na atitude de alguém. E hoje eu sou outra, uma outra que precisa de se ambientar. Estou estranha. Mas gosto, no geral e no particular, gosto. Como dizia um amigo meu: estás menos selvagem. Talvez esteja. E talvez esteja por dentro, logo preciso de estar também por fora. Coerência é preciso.  

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