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quarta-feira, 27 de março de 2013

Entrevistas de emprego


Acho que a esta altura do campeonato devo sentir-me imensamente feliz por ter trabalho. Esta minha alegria não se prende tanto com a crise em que vivemos (embora tenha consciência da grande sorte que tenho), mas pelo facto de perceber que as entrevistas de emprego, nos dias que correm, serem completamente despropositadas e loucas. Há malta que é muito boa nas entrevistas de emprego, mas que depois são uma verdadeira nódoa no dia-a-dia. Tenho bem presente um caso que se passou no estaminé onde trabalho; e haverá, certamente, pessoas que bloqueiam, que se atrapalham numa entrevista de emprego e que depois são expeditos, frescos, inteligentes a efetuar o seu trabalho. E sei que as entrevistas de emprego não são, muitas das vezes, bem-feitas, bem preparadas e etc e tal. Sei disso tudo, mas entrar-se na insanidade daquilo que se passa nos EUA é que me parece demais. Ora bem que por lá, conscientes que as tradicionais entrevistas de emprego não desaguavam nos melhores profissionais resolveram reinventar o conceito de pergunta-resposta. Eis alguns exemplos:

Você está num corredor de pedra com oito metros de comprimento por oito de largura. Aparece o príncipe das trevas. O que é que você faz?

Assim, à primeira vista, acho que respondia que lhe dava um beijo na boca a ver se se transformava num lindo príncipe. Será que a minha resposta era valida? Qual seria a resposta que gostariam de ouvir?

Outra:

Quantos lixeiros há na Califórnia?

Pois bem, como sou má a números, creio que diria que se a Califórnia fosse limpinha que tinha os suficientes.

Mais uma para aquecer?

Quantas bolas de golfe cabem num estádio?

Pois bem, que não faço a mínima ideia e duvido que haja quem saiba a resposta e por isso mandava um numero à sorte.

Creio que bebia antes de uma entrevista destas. Bebia e fumava um charutinho e entrava com aquela posse de ‘vamos lá a isso, que comigo é canja’. Assim, só para dar a ideia de ser uma moça descontraída embora por dentro estivesse à beira de desmoronar. Mas na verdade a minha entrevista, que já foi há largos anos, teve uma pergunta que não fugiu muito ao espirito destas. A dada altura um dos elementos do júri perguntou-me:

Qual o sistema de saúde na antiga URSS?

Fiquei a olhar para ele e respondi-lhe que quando lá estive tive a sorte de não ficar doente.

Entrei. Creio que estou apta para esta insanidade que, de uma maneira ou outra grassa o mundo.

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