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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Até sempre, querido Luís Pinheiro


Ainda estava de bebé e já sabia qual o pediatra que queria para a minha filha. Uma amiga minha (obrigada Susana) falou-me do Dr. Luis Pinheiro e pelo que me ia dizendo achei que se encaixava, na perfeição, naquilo que gosto de um pediatra. Descontraído, cheio de sabedoria, sem pressas, foi fundamental no primeiro ano da minha filha. Teria sido ainda mais fundamental no resto dos anos dela, mas já o conhecemos doente e só uma grande força de vontade o fez dar consultas até ao limite do que lhe era suportado. À medida que o íamos vendo nas consultas, ora de rotina, ora de urgência, notávamos que a doença ia tomando conta dele. Saía de lá sempre com um grande sentimento de revolta. De tristeza. De amargura e até de algum egoísmo, porque o queria para me ajudar nesta arte que é educar uma criança. Porque ele era esse género de pediatra. Que é médico de crianças mas também psicólogo de pais. E atendia sempre o telefone e sabia ler o timbre da voz de uma mãe. Se era histerismo próprio de mãe ansiosa, ou era mesmo um problema grave que a criança tinha. Aprendi muito com ele, muito mesmo e foi com relutância que tive de procurar outro pediatra. E até aqui o lúcido foi ele quando me disse: ‘Mãe, eu já não estou em condições de ser o melhor para a sua Maria e a sua Maria merece alguém em condições’.

Mesmo assim não procurei logo. Resisti. Fui a um e a outro na esperança que o ‘meu’ pediatra melhorasse. Um dia percebi que não iria melhorar. E foi com grande espanto que me fui apercebendo que a minha filha ficava louca de cada vez que via um mocho. Ninguém em casa gosta de mochos e aliás nem me lembro de lhe ter falado de mochos. Os mochos, para mim, nem existem. É como os Tigres e as tarântulas, sei que estão algures no mundo, mas não fazem parte do meu mundo. Onde foi ela buscar aquela loucura por mochos? Onde? Até que me lembrei que o consultório do seu pediatra estava pejado de mochos. Era o bicho favorito dele. Eram mais de mil. Seria possível? Sim, é. Hoje a minha filha tem um gosto herdado do seu primeiro e insubstituível pediatra, porque há pessoas que são insubstituíveis. Ele é insubstituível. Insubstituível.

 

Descanse em paz, querido Luis Pinheiro, as saudades irão agudizar-se certamente.

8 comentários:

  1. Publiquei no meu face...obrigada pelo texto...

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    1. eu é que fico muito feliz quando vejo que, tal como eu, há mais pessoas que não o esquecem. Obrigada. bjs

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    2. Lamentavelmente falando com colegas minhas sobre o pediatra dos meus filhos. Uma delas perguntou queria um pediatra para o meu filho logo respondi, o pediatra que foi dos meus filhos era um excelente pediatra Dr. Luís Pinheiro. Vou ver na internet foi quando deparei com a noticia do seu falecimento. Lamento muito a sua morte. Contudo o amor que ele tinha pelos nossos filhos, as fotografias que nos pedia para pôr no seu consultório. Onde quer que esteja olhará pelos nossos filhos. Que descanse em Paz. "Nunca o esquecerei"

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  2. Ae sempre familia do Diogo Glaser salvas te o meu filho nascensa.Descansa em paz

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  3. Descansa me paz pedoatra salvou meu filho Diogo Glaser...era um excelete pediatra!!

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  4. O Dr. Luís Pinheiro foi o pediatra dos meus dois filhos. Agora que vou ser avó procurei-o na internet e encontrei esta triste notícia. :'(

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