A primeira vez que entrei num
café/bar a meio da tarde e pedi um copo de vinho, foi na Régua, num bonito
espaço que hoje já não existe e que se chamava Prensa. Na altura, há mais de
dez anos, as pessoas ainda não estavam preparadas para um sítio como aquele.
Mesmo em Lisboa não havia esse habito do vinho em vez do café ou do chá, e
todos sabemos que os hábitos custam a entranhar. Num destes dias uma amiga
estava com um problema e combinamos encontrarmo-nos ao fim da tarde para
falarmos. A combinação foi desde logo nos seguintes moldes ‘vamos beber um copo ao Porto de Recreio
(oeiras)’. O verão mudou-se para outubro e as tardes estão apetecíveis. Nós
ficamos pelo B’Entrevinhos, servidas por um rapaz igual ao António Variações e
a beber um bom branco fresco. Entre lágrimas e risos,
alimentamos as horas. Podíamos ter pedido um café, ou um chá, mas foi um copo
de vinho. Bastou um. E soube bem. Muito bem. O sol começava a pôr-se. Ela
começava a ganhar forças para o que aí vem. E eu senti-me quase pertencente a
este mundo, um tanto ou quanto cosmopolita, urbano e intenso. Quase.
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