Acabar o liceu. Fazer a
faculdade. Casar. Ter filhos. Divorciar. A vida é só isto? Esta é a pergunta a
que a mãe do Manson faz quando este sai de casa para ir para a faculdade. E
ainda remata: ‘o que me resta, o meu funeral?’. Esta normalidade de sequências
que a vida nos permite viver é a base do filme maravilhoso Boyhood, que está aí
quase a rebentar. O filme conta-se em duas penadas: relata a vida de um rapaz
no seio de uma família normal, pais divorciados, irmã mais velha, e acompanhamos
em tempo real (Linklater levou 12 anos a filmá-lo) a entrada do miúdo para a
escola e a sua saída de casa para ir para a faculdade. Pelo meio ficaram as dúvidas
existenciais, as hormonas, as quezílias com a irmã, o lidar com padrastos,
madrastas… quão difícil é contar uma história banal, vocês sabem? Linklater
provou que sabe fazê-lo e com mestria. Nada nesta história salta da
normalidade, nada, absolutamente nada. E é tão boa! É um rio tépido e de canal sereno aquele
que, quase as três horas de filme nos mostra, mas sentada no sofá envolta nos
meus 42 anos, também me pergunto inúmeras vezes: a vida é isto? A vida é só
isto? E quando os filhos saem de casa o que nos resta?
Talvez que este tenha sido o
melhor filme de 2014. Para mim foi. Porque passo a minha vida a querer
responder às minhas dúvidas existências. E dessas dúvidas a maior, a mais premente, a mais dolorosa é: a vida, é só isto?
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