Páginas

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A vida é só isto?


Acabar o liceu. Fazer a faculdade. Casar. Ter filhos. Divorciar. A vida é só isto? Esta é a pergunta a que a mãe do Manson faz quando este sai de casa para ir para a faculdade. E ainda remata: ‘o que me resta, o meu funeral?’. Esta normalidade de sequências que a vida nos permite viver é a base do filme maravilhoso Boyhood, que está aí quase a rebentar. O filme conta-se em duas penadas: relata a vida de um rapaz no seio de uma família normal, pais divorciados, irmã mais velha, e acompanhamos em tempo real (Linklater levou 12 anos a filmá-lo) a entrada do miúdo para a escola e a sua saída de casa para ir para a faculdade. Pelo meio ficaram as dúvidas existenciais, as hormonas, as quezílias com a irmã, o lidar com padrastos, madrastas… quão difícil é contar uma história banal, vocês sabem? Linklater provou que sabe fazê-lo e com mestria. Nada nesta história salta da normalidade, nada, absolutamente nada. E é tão boa! É um rio tépido e de canal sereno aquele que, quase as três horas de filme nos mostra, mas sentada no sofá envolta nos meus 42 anos, também me pergunto inúmeras vezes: a vida é isto? A vida é só isto? E quando os filhos saem de casa o que nos resta?

Talvez que este tenha sido o melhor filme de 2014. Para mim foi. Porque passo a minha vida a querer responder às minhas dúvidas existências. E dessas dúvidas a maior, a mais premente, a mais dolorosa é: a vida, é só isto?  




Sem comentários:

Enviar um comentário