Sexta-feira ando envolta entre
o trabalho que tenho em mãos; aquele que tenho na cabeça e o fim de semana.
Este será em Tomar. Não é bem Tomar, é lá perto, num lugar desgarrado, onde as
ovelhas se ouvem à distância e o seu bulir me remete, sempre, para o meu bem
mais longínquo Trás-os-Montes. Na verdade não são as ovelhas que me levam à
minha terra, porque nunca vi uma única por lá. Aquilo é mais terra de gentes
sem pressa, cães e gatos vadios, burros, vacas, porcos, galinhas, patos e de quando
em vez há assim uma avestruz para gáudio da população. Tomar obriga-me a parar.
A travar com os dois pés. A descansar. Levo, na mala, um livro da minha mais
recente obsessão: João Tordo. Já vou no seu terceiro livro. Vi-o numa
entrevista na televisão. Giro o puto, hein! É isto, aos 42 já todos são putos.
O impacto de ver que me cruzo constantemente com pessoas mais novas do que eu.
E não tem mal. Não me tem custado… ainda. Giro bem este mergulhar na idade...
ainda. Ainda.
Voltando, levo o João Tordo e
uma garrafa de vinho tinto. Está aí o inverno. Faço intenções de acender a
lareira e beber um vinho. E é por isto que a idade não importa. Nunca daria importância
a estas coisas há vinte anos. Era tudo energia, era tudo dinâmico, era tudo boémia.
Agora acalmo, travo e para dinâmica bastam-me os tumultos interiores.
Boa sexta-feira.
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