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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

sexta-feira e de como estou a envelhecer


Sexta-feira ando envolta entre o trabalho que tenho em mãos; aquele que tenho na cabeça e o fim de semana. Este será em Tomar. Não é bem Tomar, é lá perto, num lugar desgarrado, onde as ovelhas se ouvem à distância e o seu bulir me remete, sempre, para o meu bem mais longínquo Trás-os-Montes. Na verdade não são as ovelhas que me levam à minha terra, porque nunca vi uma única por lá. Aquilo é mais terra de gentes sem pressa, cães e gatos vadios, burros, vacas, porcos, galinhas, patos e de quando em vez há assim uma avestruz para gáudio da população. Tomar obriga-me a parar. A travar com os dois pés. A descansar. Levo, na mala, um livro da minha mais recente obsessão: João Tordo. Já vou no seu terceiro livro. Vi-o numa entrevista na televisão. Giro o puto, hein! É isto, aos 42 já todos são putos. O impacto de ver que me cruzo constantemente com pessoas mais novas do que eu. E não tem mal. Não me tem custado… ainda. Giro bem este mergulhar na idade... ainda. Ainda.
Voltando, levo o João Tordo e uma garrafa de vinho tinto. Está aí o inverno. Faço intenções de acender a lareira e beber um vinho. E é por isto que a idade não importa. Nunca daria importância a estas coisas há vinte anos. Era tudo energia, era tudo dinâmico, era tudo boémia. Agora acalmo, travo e para dinâmica bastam-me os tumultos interiores.

Boa sexta-feira.



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