Foi no Dia da Mulher de 2010
que soube que estava de bebé. Tinha ido fazer análises de manhã, almocei com
uma amiga no nepalês e esperava que a clínica onde fizera o tratamento me ligasse a dizer o resultado. Estava no carro, parada, a olhar para o telefone quando
ele tocou. Deixei que tocasse quatro vezes e atendi a medo. Do lado de lá o
Prof. Pereira Coelho com a boa nova. Desligou com brevidade e numa simpatia que
denunciava um percurso longo nestas andanças das boas e más novas. E eu fiquei
ali, quieta, sem ligar a ninguém, cerca de vinte minutos. Fechei os olhos e
senti a arrepanhar-me por dentro. Aquela sensação gigantesca, brutal, avassaladora a ganhar
forma. Aquela certeza que ali já não estava só.
Estava numa rua movimentada de
Lisboa e tudo parou.
Nada andava nem mexia à minha volta. Apenas eu e o
universo a fazermos as pazes e a voltarmos a ser bons amigos, como antes.
Naquele
dia internacional da mulher soube, não sei como, nem sei porquê, que vinha aí
uma Maria.
Também o soube assim, também me senti dessa forma, mas com um pouco de medo à mistura, com uma alegria contida, que não era a primeira vez que mo diziam. Quando o desejamos muito e finalmente acontece, é mesmo isso, tudo à nossa volta parece fazer parte de outra dimensão, e uma das sensações que me recordo é também a de apaziguamento, connosco e com o mundo.
ResponderEliminarÉ daquelas coisas que só quem passa por elas é que sabe. Um enorme beijinho querida N.
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