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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A pílula e a emancipação feminina

Ele dizia-me que os homens há muito que ajudam as mulheres na sua luta pela igualdade ‘não te esqueças, Carla, que foram os homens, os machos, aqueles seres com tomates que criaram a pílula para que vocês vivessem uma plena liberdade sexual’. Ri-me, mais por dentro do que por fora porque não sou dada a ironias despropositadas. Mas com calma, devagar, expliquei-lhe que a pilula não foi criada para que a mulher vivesse a sua liberdade sexual, ou para a levar para um lugar mais próximo da liberdade sexual do homem. Isso foi o propósito com que a mulher a utilizou e a absorveu a certa altura. No entanto, quando a Enovid-10 bafejou o mercado, nos idos anos 60 do século passado, com a pilula, fez imbuído no espirito do pós-guerra e da necessidade económica de ter as mulheres mais tempo no seu posto de trabalho. O propósito foi este. Apenas e unicamente este. Inicialmente a mulher utilizou a pilula para se inserir no mercado de trabalho e, consequentemente, evoluir profissionalmente desejando lugares que nunca antes ousara alcançar. Pelo caminho veio uma certa e, inicialmente, acatada liberdade sexual. Uma certa liberdade sexual que é, ainda hoje, questionada por muitos homens e, pior, por muitas mulheres. 

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