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terça-feira, 5 de abril de 2016

os meus cabelos brancos

A malta vai tendo coragem para, aqui e ali, dizer-me para pintar o cabelo. Que não devia deixar estes brancos assim, loucos, à solta. Mas desisti de explicar que gosto deles. Que me alimento de um certo despudor. Já o pintei. Não me revi. Não era eu quem o espelho refletia. Sim, parecia mais nova. Mas eu não sou mais nova. Não sou mais velha. Sou o que sou. Tenho a idade que tenho e o cabelo com que nasci. Ele é assim. Começou a branquear há dois anos. Até lhe acho alguma piada. Viver é, sempre será, a nossa vitória diária sobre o tempo. E se os cabelos brancos não me incomodam, porque há de incomodar a outrem? Sinto-me (ainda) demasiado jovem para ser velha. E não são os cabelos brancos que mudam isso.

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