A malta vai tendo coragem para,
aqui e ali, dizer-me para pintar o cabelo. Que não devia deixar estes brancos
assim, loucos, à solta. Mas desisti de explicar que gosto deles. Que me
alimento de um certo despudor. Já o pintei. Não me revi. Não era eu quem o espelho
refletia. Sim, parecia mais nova. Mas eu não sou mais nova. Não sou mais velha.
Sou o que sou. Tenho a idade que tenho e o cabelo com que nasci. Ele é assim.
Começou a branquear há dois anos. Até lhe acho alguma piada. Viver é, sempre
será, a nossa vitória diária sobre o tempo. E se os cabelos brancos não me
incomodam, porque há de incomodar a outrem? Sinto-me (ainda) demasiado jovem
para ser velha. E não são os cabelos brancos que mudam isso.
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