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domingo, 18 de setembro de 2016

a pele do lagarto


 Uma vez, na casa dos meus pais em Trás os Montes, vi uma pele oca de um qualquer lagarto. Foi estranho, porque aquilo não era mais do que um saco, escamoso, que o lagarto deixou para trás. Certamente um renascimento, um amadurecimento, mas ainda assim uma pele nojenta. Em algumas alturas de mudança relembro aquela pele, e sigo em frente deixando também eu algo para trás. Deve ser assim com todos, mas há em mim um sofrimento austero por algumas etapas que a vida me obriga a passar.

Fui leva-lo ao aeroporto e na 2ª circular os aviões passaram mesmo roçando a cabeça. E a vontade que tive de estar num deles, não de volta mas de ida.

Acho que o lagarto deve ter feito as malas e ido viajar. Eu pelo menos precisava disso. Precisava mesmo. Deixar a pele para trás e ir…

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