Uma vez, na casa dos meus pais em Trás os
Montes, vi uma pele oca de um qualquer lagarto. Foi estranho, porque aquilo não
era mais do que um saco, escamoso, que o lagarto deixou para trás. Certamente um
renascimento, um amadurecimento, mas ainda assim uma pele nojenta. Em algumas
alturas de mudança relembro aquela pele, e sigo em frente deixando também eu
algo para trás. Deve ser assim com todos, mas há em mim um sofrimento austero
por algumas etapas que a vida me obriga a passar.
Fui leva-lo ao aeroporto e na 2ª
circular os aviões passaram mesmo roçando a cabeça. E a vontade que tive de
estar num deles, não de volta mas de ida.
Acho que o lagarto deve ter feito
as malas e ido viajar. Eu pelo menos precisava disso. Precisava mesmo. Deixar a
pele para trás e ir…
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