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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Tia Ilda

A vida muda quando os que sempre nos acompanharam se vão embora para aquele lugar lá longe, algures numa outra dimensão, quiçá à nossa espera.  E gostava disso, gostava de a reencontrar com o seu timbre típico, a beber a sua cerveja fresca e a desdizer dos homens em geral e do seu em particular. Era a tia que, contrariando todas as irmãs, não sabia cozinhar nada de jeito ' elas já o fazem por mim'; mas era aquela que melhor conduzia uma fofoca familiar entre descascar uma cebola e uma batata. As manas começam a ficar pernetas. Das 6 ficam 4. E foram essas 4 que ontem a lavaram, escolheram a melhor roupa, e que serenamente, me mostraram que a família cuida na vida mas também cuida na morte. Até já querida tia. Prometo que não vou esquecer de beber e comer bem como tão bem me ensinaste. Que uma gordura na comida ajuda a um desaire amoroso. E que o tinto cai que nem ginjas nas insónias. E também prometo usar cuecas de algodão. Vai com Deus! 

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