Em 1971, a Universidade de
Stanford, quis levar a cabo uma experiência e para tal criou uma prisão fictícia
onde 24 alunos, amigos entre si, se voluntariaram, metade para serem prisioneiros
e a outra metade para serem os carcereiros. Eles foram escolhidos de forma
aleatória. Os presos foram vestidos com uniformes típicos da prisão, foram
tratados por um número, ou seja, destituídos de parte da sua personalidade. Os
carcereiros tinham o papel de vigiarem os presos. A experiência teve de ser
interrompida ao fim de seis dias porque os carcereiros começaram a ter atitudes
sádicas, de verdadeiros carrascos. Os presos, mesmo os que eram mais afoitos,
começaram a adquirir atitudes de profunda submissão. Esta experiência mostrou
que o poder do grupo, o corporativismo, o que nos rodeia é tão forte que,
muitas das vezes, aniquila a ética e muitas das normas adquiridas socialmente. O
Homem é um ser gregário e influenciável. Lembrei-me disto por causa do R. Ele é
dos mais críticos aqui no Facebook. Conheço-o bem. Fomos amigos longos anos.
Conheci-o na faculdade. Em anos passados, frequentou a minha casa. É um feroz
defensor da honestidade. Os políticos são todos uns corruptos, na sua boca.
Critica o corporativismo, diz que é um meio cheio de vícios sem vislumbres de
virtudes. Este país assim não vai lá, está sempre a dizer. Devíamos por os olhos
na Suíça e na Suécia. Ali pagam-se impostos mas vê-se para onde são canalizados,
dizia a miúde. Estamos rodeados de uma variadíssima cambada de desonestos em
todas as áreas da sociedade. E lembro-me do dia em que vendi a minha casa e foi
ele, mediador imobiliário, quem me fez o negócio. Vendi a casa a uma moça. Um
dia, ele convidou-me para um café. Queria acertar uns pormenores do negócio.
Vivia em Carnaxide e combinamos ali no Centro Cívico. Explicou-me que era o pai
da moça que iria dar-lhe o dinheiro para a casa. Queria que o negócio fosse
escriturado por um valor inferior e o restante era dado em dinheiro vivo.
Explicou-me, como quem está habituado a essas lides, como poderia fazer com a
sua comissão. Também seria, parte dela, paga em notas vivas. ‘Carla, não te preocupes que isso não te traz
problema algum. Isto está sempre a acontecer. Temos de ser espertos senão somos
engolidos’. Perguntei-lhe pela sua honestidade. Sorriu de forma nervosa.
Não fizemos negócio. Sei bem por que motivo serei sempre uma remediada. Já ele,
continua a mandar farpas na sua pagina e eu sorrio sempre que leio o escreve.
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