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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A feira das vaidades

Ir ao ginásio é quase como que me obrigarem a mergulhar em pleno mar aberto no pico do Inverno: não morro mas fico em mau estado. Isto falando do físico, porque ao que ao psicológico diz respeito temos de ter uma grande auto estima para não sairmos de lá e só pararmos na ponte 25 de Abril e voarmos. Bastou-me uma vez para ver que aquilo não funciona como deveria. Vamos lá ver então: aquilo tem dois horários. Um que vai até às 17 horinhas e mais barato creio que para quem tem o dia livre ou então não faz a ponta de um corno, e um outro que vai das 17h até ao fecho do ginásio, para todos os trabalhadores ou os que só têm disponibilidade a essa hora. Errado. Não devia ser assim. Ou seja, deveriam ter na mesma dois horários, mas tendo em conta outra realidade: num horário iria só a malta que tem tudo no sítio, os que nem uma banhazinha se atreve a nascer naqueles bodys, os e as que correm na passadeira como se atrás deles viesse a morte e correm assim durante valentes minutos, aqueles que sentados nas bicicletas vão numa fúria que só por milagre elas não arrancam do espaço onde estão rumo ao universo, aqueles que usam uma roupinha fashion, justa e curta cheia de marcas e andam por ali com um ar de quem sabe que está com um corpinho maravilho e a fazerem 'boquinhas'. E um outro horário para os que como eu têm banhinhas, celulite, onde ao fim de dez minutos na passadeira deixamos de conseguir falar e ao fim de vinte só respiramos mas já nem conseguimos pensar. Os que como eu levam uma t-shirt larga com o logo de uma empresa (mau, mau é levar uma da edp, a minha foi menos má), calças largueironas e cuecas que aconcheguem tudo o que não é suposto abanar. Mas como sabem, estes espaços não funcionam assim e como tal temos de conviver todos no mesmo espaço físico sem que ninguém saia de lá com o ego machucado. Eu fiquei parte do meu tempo na bicicleta a olhar para uma tipa bem mais velha do que eu e bem mais tonificada. Nada nela se mexia e o suor escorria-lhe com ela a pedalar como se precisasse disso para sobreviver para além daquele dia. Eu que tenho a  mania que sou espanhola, estive quase a tocar-lhe só para sentir se o toque correspondia ao olhar. Depois fui para a passadeira e era a que estava a andar mais devagar. Ninguém se atreveu a olhar para mim de forma frontal, mas senti o olhar enviesado dos que iam por ali fora de forma a que se estivessem em chão rijo estariam a passar a fronteira. Por fim, quando já não conseguia pensar, lá consegui dar com a casa de banho para um banho longo depois de me ter perdido dentro de um espaço fechado como é um ginásio. Devo lá ter estado uma boa meia hora a recuperar. Saí e penso em, para a próxima, tentar a piscina. Parece-me que a coisa pode correr melhor embora nos tempos em que praticava a modalidade tinha um grave problema: nadava de forma oblíqua indo ocupar pistas que não eram minhas e atropelava quem navegasse pela frente. Devia parecer o Tridente... E para finalizar, depois de todo o sofrimento, um amigo que até percebe da coisa ,disse-me: com a tua idade não penses que vais conseguir grandes resultados físicos. E pronto, parece-me que era um bom dia para emborcar a garrafa Garrafeira do Comendador.

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