Ontem foi
dia de consulta. As notícias não são animadoras e cheguei a casa com vontade de
me abandonar no sofá e de repente a coisa até estava nesse caminho, no caminho da
comiseração, da pena, do ‘coitada de mim’ até que chegou a minha filha. E é incrível
como é que aquele ‘bocadinho’ de gente consegue fazer milagres no meu estado físico
e espiritual. Entra e toda a minha casa vira uma feira popular. Ela salta, ela canta,
ela dança, chama-me a toda a hora para tudo e mais alguma coisa. É uma esfrega
que ela me dá sem saber que está a dar. Quando a deito, estou cansada mas
recuperada e penso que deixarei para mais tarde, para as angústias de quando
for velha, os dramas existências que se apoderam de mim. Até lá, quero gozá-la
e gozar-me plena de faculdades. Os filhos salvam-nos diariamente. Curam-nos.
Dão-nos tanto que me emudeço quando quero dela falar. Emudeço quando quero
explicar o que ela me causa. Emudeço quando me sinto a ir na onda, no sonho de
ter a melhor filha do mundo. E o que me faz rir? Ela dizer Pópopopo quando quer
dizer hipopótamo. Ela dizer que quer uma Tóri quando quer que lhe conte uma
historia. E quando assim é, os exames médicos, as maleitas, as dores, o
definhar físico contam zero. Zerito.
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