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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

quem tem medo do Estado mau?


Eu sou aquilo a que se pode chamar ‘um doce’ para o nosso Estado pecador e abusador. Sou uma excelente cidadã, porque sou distraída e meia desligada. Chega o IMI a casa e a moça, eu, paga o valor que lá vem para ser pago. Não me passa pela cabeça que o Estado, aquele que me protege enquanto cidadã, é mau e feio e me rouba. Isso não me passa pela cabeça, porque não é suposto passar. Cresci e fui educada a respeitar o Estado. Ensinaram-me a ter medo do bicho papão, mas nunca do Estado. Como ia dizendo, menina linda e querida que sou, quando recebo a carta amorosa para pagar o IMI, eu pago o IMI e nunca me passa pela cabeça que o Estado me anda a enganar deliberadamente. Simplesmente não passa. Porque o Estado é um e o bicho papão é outro. Contas simples, para mim. Até descobrir que o Estado não atualiza os parâmetros que tem para avaliação do IMI. Ou seja, sabendo que as casas a cada ano estão mais velhas, logo valem menos, o Estado faz orelhas moucas; Sabendo que o preço por metro quadrado da construção está mais baixo, o Estado fechou-se em copas, resultado? Aqui a Je pagou, nos últimos três anos, mais 150 euritos por ano de IMI. Bem, mas partimos do princípio que enganos todos temos, toca a ir às Finanças dizer que não fizeram o seu trabalho, que não atualizaram e que o Estado me cobrou a mais 450 euritos. A senhora minha colega, funcionária pública como eu, diz ‘ah, pois, não estava atualizada, realmente pagou a mais. Nós não atualizamos...’ e eu pergunto se me vão restituir o que receberam a mais ’Ah, isso não, isso não fazemos, mas não se preocupe que para o ano que vem já atualizamos a sua caderneta’. E a vontade qual é? É de dar um valente par de estalos à senhora, ou ao Estado, mas o Estado, como eu dizia, é uma sombra de todos nós quando era suposto ser algo que nasceu para nos proteger embora exigindo, para nos amparar embora impondo regras. O Estado não dá o exemplo daquilo que exige e exige dando um exemplo contrário a alguém de bem. E depois engana-nos e uns descobrem, outros nem por isso e enquanto o pau vai e vem folgam as costas que é como quem diz, enquanto não se descobre entram uns cobres a mais. O descredito aumenta. E fica enraizada, cada vez mais, que o Estado pode ser necessário, mas mais não é do que um mal necessário. Simples, este é um Estado que rouba. É simples e temos de dizê-lo bem alto. E depois de o dizer? Depois nada. Depois voltamos a casa e começamos a discutir qual será a origem da tristeza do Ronaldo. A mim dá-me vontade de lhe fazer - ao Ronaldo - aquilo que a minha tia Ilda fazia aos sobrinhos quando choravam sem motivo: dava-lhes um par de galhetas e dizia-lhes: agora sim, agora já têm um bom motivo para chorarem.

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