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terça-feira, 30 de julho de 2013

das férias


A primeira vez que a minha filha dormiu fora de casa (leia-se casa da avó) tinha oito meses. Quando a deixei lá saí com o coração apertado e com receio que não aguentasse a sua ausência. Ia a sair de casa dos meus sogros quando o Jorge, vizinho de sempre, olhando e vendo-me pálida (eu que sou um pouco monhézinha) perguntou o que se passava e eu expliquei-lhe. Ele sorriu e disse ‘isso não é nada comparado com a primeira vez que ela disser que já não vai com os pais de férias, mas com amigos’. Fiquei a pensar nisso. E de como um pai se deve sentir desazado (esta palavra é muito da minha Eduarda) nas primeiras férias sem os rebentos. No entanto, tenho reparado num padrão, vá digamos que social. Efetivamente, há uma altura em que férias são com os amigos, são a correr a Europa num comboio, são a dormir em dormitórios em Praga e Budapeste. Sim, há uma altura em que se chega às aulas mais cansados do que quando chegamos às férias e é no tempo escolar que se descansa. Lembro-me de inícios de aulas dramáticos de cansaço. E depois acontece um fenómeno interessante: o regresso. A dada altura, pode ser aos 28 ou aos 30 ou ainda aos 35 em que se volta a passar férias com os pais. Volta-se e gostar daquele ninho, daquela calma, daqueles pequenos-almoços da mãe, das conversas de café com o pai, de ver os netos com os avós, de ver a prolongar o amor dos que nos tiveram pelos que nós temos. Há um padrão que reconheço em grande parte dos meus amigos. Eu inclusive. E embora este ano não vá conseguir passar férias com os meus pais vai a minha filha e de certa forma é como se eu estivesse por lá.

6 comentários:

  1. E também ainda há aquele tempo em que os filhos mostram o mundo aos pais ou os filhos permitem que os pais voltem àquele sítio que os marcou há 30 anos... :)

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    1. concordo! Acho que faz parte do pacote os filhos mimarem os pais levando-os de regresso ao seu passado :)

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  2. São as primeiras férias sem os pais e a primeira Passagem do Ano com os amigos. Sim, senti-me desazada quando entrou o Ano Novo e não abracei o meu "menino" como de costume.

    Um abraço

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  3. yeap... o primeiro mês de julho a saltitar semana após semana entre os avós e tios (5 e oito anos respectivamente), e o primeiro campo de férias (tinha 9 anos o mais velho), o primeiro torneio de andebol fora de 'casa' em Dezembro - ui coitadinhos, que frio e eles a dormirem num pavilhão desportivo! (10 anos o mais velho, 7 o mais novo), a primeira viagem de finalistas fora do país - 4 dias em Ferrol (14 anos o mais velho)... não, a aflição não passa, e a sensação permanente de os tentar 'segurar' não esmorece...

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