Em Amesterdão as janelas não
têm cortinas. Andamos na rua e vemos a vivência dentro de cada casa. Os filhos.
Os namorados. Os solitários. Estão lá, para lá daquele vidro que não tapa, mas
mostra. A uns vi a cozinharem, a outros a verem televisão, outros ainda a
lerem, miúdos a correm, miúdos parados… Talvez tenha sido este impacto de estar
a olhar a vida alheia que me surpreendeu assim que cheguei. Amesterdão. Amesterdão
tem quase 200 canais. Saímos de uma rua para outra com a sensação que os canais
nos perseguem. Nos acompanham, numa dança suave e quase perfeita. Parece,
também, que as casas, todas niveladas e no tom ocre, saíram num dia de fastio
de uma outra parte do mundo e acorreram ali, empurrando umas e outras para que
ficassem no primeiro nível de um qualquer canal. Estacionaram e ali vivem
felizes desde os tempos imemoriais. Outras há que ousaram viver mesmo de pés na
água, num balanço que adormece. O Natal já andava tímido pelas ruas. As árvores
despidas mostraram que ali o frio não era de agora. Gostei das pontes singelas,
como que se soubessem de antemão que o belo é simples. Amesterdão cheira a
casa. Não soa estranha. Parece que se cola à pele e por ali se fica, entre um
café e um banco de jardim, como se da nossa sala se tratasse. Ninguém nos olha
de soslaio e perguntam se precisamos de ajuda quando nos sentimos impactadas
com os nomes das ruas numa sonoridade que estranhamos. Amesterdão parece
quente, sendo frio. É como se esta cidade nórdica fosse ali parar por engano. E
se gostei da casa de Anne Frank! Impossível não se entrar e não nos sentirmos
esmagados. Parece que nos vão arrancar o coração. Não esquecer o passado é
estarmos preparados para o futuro. Talvez que um dia volte lá, ou melhor, sei
que um dia voltarei, mas por agora, para começo da nossa relação, estou
encantada. Apaixonada. Faltou-me um tempo a espraiar-me com a minha amiga Xana
numa praça a bebermos uma Heineken
enquanto dávamos corda às conversas. Mas faltou-nos o tempo, que por lá as
horas também não param.
Obrigada Xana por esta viagem
maravilhosa. Agradece, por mim, à melhor tripulação do mundo e à melhor
companhia aérea do universo – a TAP. Não fomos ver os senhores a fazerem coisas
porcas, mas fica para a próximaJ. E
obrigada, acima de tudo, por aquilo que aqui não pode ser dito, porque apenas a
nós pertence. E vê lá se aprendes a tirar selfies em condições.
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não sei como não fui atropelada por uma bicicleta |
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A minha querida Xana |
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Eu, ainda com os pontos na boca o que me faz ter um sorriso parvo |
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as casas que quiseram viver de pés na água |
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o sitio onde comemos a melhor salada de sempre (isto de andar de dieta dá nestas coisas) |
Eu AMEI Amesterdãooooooooooooooo :-) Um dos sítios que gostava de voltar :-) Fazer o passei de barco pelos canais é lindo <3
ResponderEliminarEu também. Temos bom gosto, é o queé!:)
Eliminartão bom este post. estou a planear a minha viagem a Amesterdão e estas fotos não podiam vir em melhor altura. vou adorar olhar para dentro da casa das pessoas (é voyeurismo? talvez. mas é tãaaaao fixe!). :)
ResponderEliminarAcho que é um pouco de voyeurismo mas é do bom:) beijinhos
EliminarA tua descrição ainda me aguçou mais o apetite... Dizem que é uma cidade a ir na Primavera, mas olha que o Outono também lhe fica muito bem! (continua no top 1 dos meus desejos). Depois peço referencias ;)
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