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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Amesterdão (pelos meus olhos)

Em Amesterdão as janelas não têm cortinas. Andamos na rua e vemos a vivência dentro de cada casa. Os filhos. Os namorados. Os solitários. Estão lá, para lá daquele vidro que não tapa, mas mostra. A uns vi a cozinharem, a outros a verem televisão, outros ainda a lerem, miúdos a correm, miúdos parados… Talvez tenha sido este impacto de estar a olhar a vida alheia que me surpreendeu assim que cheguei. Amesterdão. Amesterdão tem quase 200 canais. Saímos de uma rua para outra com a sensação que os canais nos perseguem. Nos acompanham, numa dança suave e quase perfeita. Parece, também, que as casas, todas niveladas e no tom ocre, saíram num dia de fastio de uma outra parte do mundo e acorreram ali, empurrando umas e outras para que ficassem no primeiro nível de um qualquer canal. Estacionaram e ali vivem felizes desde os tempos imemoriais. Outras há que ousaram viver mesmo de pés na água, num balanço que adormece. O Natal já andava tímido pelas ruas. As árvores despidas mostraram que ali o frio não era de agora. Gostei das pontes singelas, como que se soubessem de antemão que o belo é simples. Amesterdão cheira a casa. Não soa estranha. Parece que se cola à pele e por ali se fica, entre um café e um banco de jardim, como se da nossa sala se tratasse. Ninguém nos olha de soslaio e perguntam se precisamos de ajuda quando nos sentimos impactadas com os nomes das ruas numa sonoridade que estranhamos. Amesterdão parece quente, sendo frio. É como se esta cidade nórdica fosse ali parar por engano. E se gostei da casa de Anne Frank! Impossível não se entrar e não nos sentirmos esmagados. Parece que nos vão arrancar o coração. Não esquecer o passado é estarmos preparados para o futuro. Talvez que um dia volte lá, ou melhor, sei que um dia voltarei, mas por agora, para começo da nossa relação, estou encantada. Apaixonada. Faltou-me um tempo a espraiar-me com a minha amiga Xana numa praça a bebermos uma Heineken enquanto dávamos corda às conversas. Mas faltou-nos o tempo, que por lá as horas também não param.


Obrigada Xana por esta viagem maravilhosa. Agradece, por mim, à melhor tripulação do mundo e à melhor companhia aérea do universo – a TAP. Não fomos ver os senhores a fazerem coisas porcas, mas fica para a próximaJ. E obrigada, acima de tudo, por aquilo que aqui não pode ser dito, porque apenas a nós pertence. E vê lá se aprendes a tirar selfies em condições. 


não sei como não fui atropelada por uma bicicleta

A minha querida Xana 

Eu, ainda com os pontos na boca o que me faz ter um sorriso parvo

as casas que quiseram viver de pés na água













o sitio onde comemos a melhor salada de sempre (isto de andar de dieta dá nestas coisas)

5 comentários:

  1. Eu AMEI Amesterdãooooooooooooooo :-) Um dos sítios que gostava de voltar :-) Fazer o passei de barco pelos canais é lindo <3

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  2. tão bom este post. estou a planear a minha viagem a Amesterdão e estas fotos não podiam vir em melhor altura. vou adorar olhar para dentro da casa das pessoas (é voyeurismo? talvez. mas é tãaaaao fixe!). :)

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    1. Acho que é um pouco de voyeurismo mas é do bom:) beijinhos

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  3. A tua descrição ainda me aguçou mais o apetite... Dizem que é uma cidade a ir na Primavera, mas olha que o Outono também lhe fica muito bem! (continua no top 1 dos meus desejos). Depois peço referencias ;)

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