Não sei se é possível, após o que aconteceu ontem em França,
seguirmos em frente sem que algo se tenha mudado dentro de nós. Para mim é, de
todo, impossível. O que vejo, o que sinto, muda-me. E podia mudar-me criando em
mim um ódio visceral que me fosse carcomendo por dentro; ou mudava-me
aumentando em mim, aquilo que já era grande: a liberdade de falar o que quero e
ouvir o que não quero, respeitando. A Liberdade de viver. Foi isso que
aconteceu: hoje ainda dou mais valor à liberdade de ser quem sou e aceitar
todos os que de mim pensam e são diferentes. E o mundo respondeu desta forma.
Aquilo que os bárbaros assassinos quiseram fazer, funcionou
na precisa medida contrária: acirraram a liberdade de imprensa.
Hoje tenho a perfeita certeza que uma palavra ou um desenho
é mais poderoso do que uma arma. E hoje, a primeira coisa que fiz quando
acordei a minha filha, foi falar-lhe da liberdade. Porque a educação tem uma
palavra a dizer sobre o estado do mundo.
Hoje sou uma pessoa diferente de ontem.
Hoje sou Charlie
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