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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

das pessoas preconceituosas e os manuais escolares gratuitos


Uma amiga teve hoje uma reunião do primeiro ano do filho na escola onde entrou. Na sala estão 26 miúdos. Dos 26 miúdos,  a minha amiga e outra mãe quiseram os manuais gratuitos. As restantes, muitas com sinais exteriores de pobreza, em alguns casos, dramática, rejeitaram esta ajuda. A autarquia a que pertence esta escola entendeu oferecer um kit de material. Todas o recusaram, menos estas duas mães, porque o material, segundo uma 'não era de alta qualidade'. É verdade que os manuais são emprestados. Mas também é verdade que para o ano já não serviriam. E é verdade que devem ser entregues em condições para transitarem para outros miúdos. Acho bem, ajuda os miúdos perceberem que devem respeitar o material escolar.

 Há uns anos, na minha aldeia, havia uma senhora que quando estava na Suiça aceitava as benesses que o Estado Suíço oferecia, tais como luz e água a baixo custo porque ela tinha mesmo necessidade. Cá já não aceitava porque, segundo ela, não era uma coitadinha.

 Somos um país de gente preconceituosa.

6 comentários:

  1. Este assunto é... enfim. Nós gastamos uma pipa de massa em livros, infelizmente não temos apoios e tentamos que os manuais pelo menos passem da mais velha para as do meio mas quase nunca servem (2 anos de diferença).
    Há muito preconceito sim e há medidas muito pouco "pedagógicas", por aqui quem tem apoio (escalão A)tem direito aos livros todos gratuitos mas no fim do ano não tem de os devolver, o que acontece é que como foram à borla acabam por deitá-los fora. Não há ninguém que ajude esta malta a pensar de outra forma e estas medidas de apoio que promovem o esbanjamento e não a boa alteração de hábitos só alimentam a sociedade preconceituosa e fazem crescer o bicho... e nós, que "não precisamos", continuamos a gastar 700€ em livros por 3 filhas adolescentes que estudam na pública e entregam os manuais intactos para "quem precisar"...
    Olha desculpa o desabafo mas tocaste aqui mesmo na frida aberta, paguei hoje a encomenda depois de muito procurar :-(
    Mas já dizia a minha avó: "Vão-se os anéis, fiquem os dedos" (e eu acrescento, o dedo do meio pelo menos... )
    Abraço, Alexandra

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    1. Alexandra, tem toda a razão. Creio que ha um longo (issimo) caminho. Muitas vezes a medida não chega a quem a aceitava mas chega a quem não a respeita. enfim...

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  2. Concordo inteiramente contigo! Acho que aceitar essa ajuda do Estado é devolver ao Estado uma obrigação que deve ter em prestar assistência e cuidados. Não deveria causar estranheza a ninguém, isso. Mas pronto, de facto, não estamos habituados e a nossa mania dos "choradinhos", faz-nos também ter muitos complexos e assumirmos que, aceitar ajuda, é sermos "coitadinhos" e não cidadãos de plenos DIREITOS.
    Um beijinhoQ

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    1. sim, estamos a falar de direitos. Mas ha um preconceito imenso.

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  3. Näo sei como pode a senhora Frida dizer que somos um pais de gente preconceituosa quando um dia chamou beto ao vizinho que usa sapatos de berloques, lenço ao pescoço, cabelo para tras, tem terraço e filhos sempre que o Nosso Senhor manda...isto de andar permanentemente com fridas nos calos torna-nos revoltadas, sindicalizadas no contra, militantes da esquerda radical, pseudo-sociologas de internet e, acima de tudo, inconsistentes...

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    1. Sim, somos todos um pouco preconceituosos. Mas sabe, nao confunda revolta com opinião. Há coisas que me revoltam, mas nenhuma dela tem a ver com estética. Ah, há pessoas que adoro que usam sapatos com berloques... as opiniões podem ser contrárias, sem que isso magoe. Agora tenho mais que fazer do que aturar infelizes anônimos

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