São os novos barulhos que me
despertam. Ouço o vizinho de cima, ou será o do lado?, a ir à casa de banho. O camião
do lixo, na primeira noite, acordou-me com a sensação de estar numa zona de
guerra tal era o som metálico, e não estando nunca num ambiente de guerra, sei
lá eu o que isso é, mas acordei com essa sensação. As manhãs que me
desorientam. Abro as janelas e não reconheço aquela paisagem. Não sei que prédio
é aquele que cresceu frente à minha sala quando antes tinha ali um jardim. E em
cada manhã faço um esforço para ficar bem. Para olhar para fora e não me ver
por dentro. As novas casas têm mais do que as quatro paredes. Elas têm o peso
dos barulhos da madeira e das portas. Os hábitos dos outros. Mesmo aquele móvel
que na outra casa fazia tanto sentido, aqui perde-se um pouco, neste eco, neste
vazio, neste silêncio. É isto, mais do que os barulhos que não reconheço, é o
silêncio que me acabrunha mais. O silêncio de quem já nada têm. O silêncio de
quem tudo perdeu. O silêncio de quem tudo lhe foi tirado. E em cada segundo
penso e repenso no que poderia ter sido e não foi e anseio que o futuro me
traga apenas e unicamente paz. Uma certa e segura paz. E agora olho para a frente e vejo a parede. odeio as paredes nuas.
Falta o meu modigliani, o meu matisse, o homem da mãça que a minha filha tanto
gosta. É isso, falta-me uma certa arte para que a paz se sinta bem por aqui.
Espero que o próximo ano lhe traga a paz que tanto anseia e que é tão importante para conseguirmos seguir em frente... Só lhe posso dizer o que há uns dias também me disse aqui no blog,com a esperança que a ajude como fez comigo,mesmo sem a conhecer: coragem!
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