Querida filha, isto tem sido um
enamoramento e tanto. Andamos por aqui entretidas com esta coisa de viver ainda
ligadas pelo cordão umbilical que, certamente, tu cortarás mais cedo do que eu.
Espantas-te com tudo, até com a grua que mexe no prédio em frente a nossa casa
e eu penso que sorverás a vida um tanto ou quanto como eu: avidamente, o que
não é coisa boa para corações frágeis. Andamos pelo mundo de mão dada, mesmo
quando separadas, porque o físico, o universo não nos consegue apartar. Vives
numa casa que aprecia o entusiasmo e a sede de loucuras. Parece-me que já
cresce em ti um passaporte que te levará a conhecer este gigante mundo que às
vezes parece, simplesmente, do tamanho de uma migalha. Andamos pasmadas por este
amor gigante que nos atropela o sentimento de dia para dia, esticando e
aumentando mais e mais. E dizemos, sem vergonha, que nos amamos, mesmo frente ao
senhor que nos traz o chá de limão em chávena grande para mim e pequena para
ti. Estes quatro anos passaram a correr, porque andamos a correr. Quantas vezes
na pressa saíste de casa sem te penteares, com a boca suja da papa e de mão
dadas a rirmos dessa desfaçatez para com a ordem instituída? E a cumplicidade
quando te busco na escola e tu, suja, cheia de cores na bata, nas mãos, na cara
me sorris como quem diz que foi um dia em cheio. E o fim do dia, em que só
paramos na tua cama, na história que vai amolecendo o esqueleto e com jeito, e
um tanto ou quanto de parcimónia, te preparo para dormir. No fim do dia somos
sempre ‘felizes para sempre’. Talvez por isto, estes quatro anos voaram. Hoje é
o teu último dia dos três, a excitação de me ajudares a fazer o teu bolo
arrumou contigo. Adormeceste no sofá e eu parei tudo o que estava a fazer para
te ver dormir. Talvez que este seja o meu mais gostoso passatempo: ver-te a
dormir. A tua serenidade cura-me de todo o passado. Apaga partes do caminho.
Amanhã faz quatro anos que
nascemos: tu como filha e eu como mãe. Ando feliz por existir assim, inteira,
possante, para ti e por ti. Agora meu piolho, enquanto dormes, vou fazer o bolo
arco-íris que me pediste. Porque só podias ter pedido um bolo cheio de cor: ele
representa-te.
A prova de que os sonhos se realizam, é este teu sentido testemunho. Parabéns, Mãe! Parabéns Filha! Parabéns ao Amor.
ResponderEliminarFico sempre emocionada com este amor de mãe....
ResponderEliminarTãaaaoo doce!!
ResponderEliminarLinda! Parabéns a ambas!
ResponderEliminarParabéns à filhota, mas também à mamã e que a vida vos continue a sorrir, sempre! Beijinhos
ResponderEliminarParabéns atrasados.
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